
Como fazer seu filho cooperar mais
Publicado em 10 de janeiro / 2025
Criar uma criança que saiba ouvir e compartilhar é um grande desafio, mas é algo fundamental. Nos primeiros três anos de vida, elas desenvolvem suas habilidades sociais, tornando esse período o mais adequado para trabalhar valores como cooperação e obediência.
Esse aprendizado começa no ambiente familiar, onde os comportamentos baseados em troca e segurança são reforçados. Quando a criança percebe que existe reciprocidade, ela se sente mais confiante e aberta. Isso significa que, ao buscar sua atenção, ela saberá que você estará lá, e o mesmo será esperado dela. Assim, crises de birra, questionamentos insistentes ou choros constantes podem ser evitados.
Esse processo também ajuda a criança a entender a importância de dividir e alternar, saindo do “é só meu” para o “é sua vez” nas brincadeiras. A seguir, confira algumas dicas práticas do pediatra americano Wendy L. Hunter para facilitar essa jornada.
1. Tenha a atenção da criança
Assim como seu filho busca sua atenção para mostrar algo ou brincar, ele também precisa estar focado em você para escutá-lo de verdade. Se ele não atende a um pedido, mesmo após várias repetições, é provável que nem tenha percebido que você estava falando. Estudos indicam que a atenção da criança no momento do pedido influencia sua capacidade de obedecer.
Para garantir que ela te ouça, elimine distrações como brinquedos ou dispositivos eletrônicos, abaixe-se até a altura dela, estabeleça contato visual e fale claramente. Por exemplo, na hora de dormir, diga olhando nos olhos: “Está quase na hora de dormir”. Assim que ela prestar atenção, continue: “Agora é hora de escovar os dentes. Vamos ao banheiro”.
2. Torne as tarefas divertidas
Crianças respondem muito bem à diversão. Transformar tarefas do dia a dia em momentos lúdicos pode facilitar bastante. Por exemplo, ao trocar a fralda do bebê ou passar repelente em uma criança mais velha que está ansiosa para brincar, você pode criar histórias, cantar músicas ou usar sons engraçados. Isso torna as atividades mais leves e prazerosas.
3. Use instruções objetivas
Crianças não entendem pedidos educados como comandos diretos. Um estudo com crianças de 3 a 7 anos revelou que frases como “você pode colocar seu tênis?” têm menos impacto do que “coloque seu tênis”. Além disso, o uso de sarcasmo ou ironia só começa a ser compreendido por volta dos 10 anos, o que torna esses métodos ineficazes.
Prefira pedidos animados e claros, usando palavras simples e adaptadas ao vocabulário infantil. Essa abordagem torna a comunicação mais eficiente.
4. Seja paciente
Crianças precisam de tempo para processar e responder a um pedido. Apressá-las pode gerar frustração tanto para elas quanto para você. Caso precise repetir várias vezes, experimente dar um intervalo maior antes de reforçar o pedido. É melhor ir devagar e ter sucesso do que insistir e recomeçar várias vezes.
5. Valorize e elogie
Quando as crianças percebem que suas ações são reconhecidas, elas se sentem motivadas a repetir o comportamento. Mesmo que o resultado não seja perfeito, termine elogiando um aspecto específico do que foi feito.
Por exemplo, em vez de dizer “Você é um ótimo ajudante”, diga: “Gostei muito de como você colocou o prato na pia sem que eu pedisse. Estou orgulhoso de você!”. Abaixar-se para conversar no nível da criança demonstra empatia e atenção.
6. Ofereça opções
Dar escolhas pode ser uma excelente estratégia, desde que todas as alternativas levem ao que você deseja. Por exemplo, na hora de escovar os dentes, pergunte: “Você quer começar pelos de cima ou pelos de baixo?”. De qualquer forma, ele acabará escovando todos.
Se não for possível oferecer escolhas, explique sua decisão e como ela será benéfica. Incentivar a criança a compartilhar seus pensamentos também ajuda a desenvolver habilidades de negociação. No entanto, deixe claro que birras e choros não serão aceitos como formas de persuasão.
Exemplos práticos de como reformular pedidos
- Em vez de: “Seu quarto está uma bagunça. Você tem cinco minutos para recolher essas roupas.”
Diga: “As roupas que não forem para a máquina não serão lavadas. Pegue cinco minutos para recolhê-las, por favor.” - Em vez de: “Você poderia colocar seu tênis? Estamos atrasados.”
Diga: “Coloque seu tênis. Estamos atrasados.” - Em vez de: “O que acha de comermos feijão no jantar?”
Diga: “Hoje teremos feijão com o seu prato preferido no jantar.” - Em vez de: “Quando você vai dar comida ao seu peixe?”
Diga: “O peixe parece faminto. Está na hora de alimentá-lo.” - Em vez de: “Podemos desligar a TV e fazer algo diferente?”
Diga: “Esse programa está chato. Vamos brincar com blocos ou ir lá fora.” - Em vez de: “Você está cansado, que tal tirar um cochilo?”
Diga: “É hora da soneca.”
Essas reformulações ajudam a estabelecer limites de maneira clara e objetiva, promovendo um ambiente de cooperação e respeito mútuo.
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